Joaquim Cruz

Em setembro de 1965 regressei de Angola, após uma Comissão de Serviço no Exército Português e comecei a trabalhar no Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital de S. João, no Porto.

O seu Diretor, o Senhor Professor Celso Cruz, neurocirurgião, logo me orientou, para além, das tarefas que me estavam confiadas, para a realização dos exames que pertenciam à área da Neurorradiologia (arteriografias carotídeas e vertebrais, pneumoencefalografias, ventriculografias, sinografias, mielografias e outros).

As arteriografias eram realizadas num velho aparelho “Schonander”, instalado numa das salas do Serviço de Radiologia, do nosso Hospital, na altura dirigido pelo Senhor Professor Albano Ramos e que ocupávamos três manhãs por semana. As imagens eram obtidas em película, montadas em chassis, retirados manualmente, cinco para o perfil e três para a face. As mielografias eram realizadas noutra sala, numa mesa de digestivos, com a colaboração de um colega radiologista. Os exames de Rx. de crânio e da coluna vertebral eram efetuados no Serviço de Radiologia pelo seu próprio pessoal, apenas aconselhado, em alguns casos, em incidências mais aconselháveis para um melhor diagnóstico. Esta troca de opiniões, quer com os colegas ou técnicos de Radiologia, só enriqueceu o meu conhecimento nas bases físicas das radiações e na prevenção de lesões iatrogénicas, quer dos doentes, quer do pessoal.

Com a instalação de um pequeno craniotomógrafo, em 1973, numa outra sala do Serviço de Radiologia, foi possível trabalhar diariamente, melhorar a qualidade dos exames e aumentar a produtividade.

Em 1976, com a aquisição de uma “mesa angiográfica vascular”, horizontal, instalada no piso 6, foi possível, um dia por semana, realizar cateterismos seletivos e, finalmente, angiografias medulares. Este equipamento era utilizado por outros Serviços.

Em maio de 1981 começou a funcionar a Secção de Neurorradiologia do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia, em espaço e com pessoal, próprios. Foi, sem dúvida, o início de uma nova era, o embrião do futuro Serviço de Neurorradiologia, que tanto contribuiu para a melhoria e qualidade da assistência prestada pelo Hospital de S. João. Na altura, já trabalhava ali, o Dr. António Salgado, que recordo com eterna saudade e tivemos o nosso primeiro interno, o Dr. José Oliveira. Muitos outros se seguiram, que, com o seu empenho e trabalho, contribuíram para o engrandecimento do Serviço.

OMNITOME N

Foi adquirido um aparelho “OMNITOME N”, completo, da “General Electric” (craniotomógrafo, com cadeira giratória, acoplado a uma mesa angiográfica, com “cine-angio”) que permitiu a realização dos exames neurorradiológicos de excelente qualidade e passamos a não ter listas de espera.

Iniciou-se, também, a Neurorradiologia de Intervenção, com a embolização dos primeiros aneurismas cerebrais, com a colaboração do Senhor Professor Augusto Goulão e do Dr. Cruz Maurício.

A partir de março de 1979 foi possível ao Hospital de S. João dispor da possibilidade dos seus doentes realizarem exames de Tomografia computorizada (TAC), graças a um protocolo com o Centro Médico de Diagnóstico da Lapa.

Anos mais tarde, com a instalação de um aparelho de TAC, no Hospital de S. João, “TOMOSCAN 350”, da Philips, em fevereiro de 1987, passou o nosso Hospital a dispor de uma tecnologia fundamental para a investigação e tratamento dos seus doentes de uma forma mais célere e mais prática.

Em setembro de 1994 deu-se um grande passo no apetrechamento do Hospital, em termos de meios de diagnóstico, foram adquiridos um aparelho de TAC, de tipo helicoidal, (“TOMOSCAN SR 4.000”, da Philips), um aparelho de Ressonância Magnética Nuclear (“GYROSCAN” T5 II, da Philips) e uma Unidade de Angiografia Digital (“INTEGRIS 3.000”, da Philips), que vieram equipar o Hospital com tecnologia moderna, possibilitando a todos os seus doentes, internados ou das consultas externas, serem tratados, segundo o “estado da arte” nas diferentes especialidades.

Outras remodelações de equipamentos se têm seguido, continuando a modernizar o Hospital de S. João na sua assistência.

Joaquim Cruz